Intelectuautismo

O Blog jornalístico sobre Autismo

Musicoterapia no Tratamento de Autismo

Confira como a musicoterapia pode ajudar no desenvolvimento de crianças autistas, com a musicoterapeuta Cristane Amorosino, presidente da Apemesp, Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São Paulo.


Reportagem Multimídia - Autismo

Acompanhe um pouco da trajetória de Mateus Moraes, autista do CIAM (Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar), que tem acompanhamento diário dos pais e educadores da instituição.



Clique aqui e conheça Letícia, uma órfã pra lá de especial.

Miguel Falabella pede desculpas por brincadeira sobre autismo

Fonte: Portal G1


Depois de assistir ao episódio de ontem de 'Toma lá dá cá', Miguel Falabella sentiu 'um peso' e resolveu pedir 'desculpas públicas'.

É que seu personagem no humorístico, Mário Jorge, chamou Bozena (Alessandra Maestrini) de 'autista' num diálogo em que depreciava a empregada.

- Falei sem pensar e na hora não notei, mas, quando vi no ar, me fez mal, nem dormi direito - diz ele.

- Escapou e foi brincadeira, mas é imperdoável que tenha acontecido. Uma de minhas melhores amigas tem um filho autista, sei o quanto isso pode ter magoado muitos telespectadores, quero pedir desculpas. Foi um lapso.

O autismo é um distúrbio que afeta a capacidade de se comunicar. Miguel garante que não recebeu nenhum telefonema reclamando da piada, mesmo assim, preferiu se antecipar.

- Minha culpa, minha máxima culpa - encerra.

Letícia, uma órfã pra lá de especial

Quem passa em frente aos portões azuis da casa de número 120, da Rua Guaipá, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, não imagina quantas histórias emocionantes há para se contar dos seus moradores. Trata-se do abrigo “Cantinho que encontrei”, onde vivem vinte e uma crianças órfãs. Entre estas, Letícia Gusmão de Souza, uma garotinha esperta que não para um minuto sequer.

Letícia tem sequelas de autismo. Segundo os médicos, foram causados pelo histórico prematuro vivido logo que veio ao mundo, em que teve pressa para chegar. Nasceu de cinco meses e meio. Não teve cuidados especiais nos próximos meses de vida, quanto mais intervenções terapêuticas necessárias. De cor negra, olhos puxados e cabelos encaracolados, tem traços característicos da família paterna.

O diagnóstico do distúrbio, quando precocemente identificado, traz progressões que podem desenvolver o autista a levar uma vida mais próxima ao desenvolvimento considerado normal. Este diagnóstico, logo na infância, levou anos para que pudesse ter a precisão adequada, uma vez que os sintomas podem ser confundidos com outros tipos de distúrbios.

O autismo infantil é apenas um subtipo de uma categoria mais ampla de distúrbios, conhecidos como transtornos globais ou invasivo do desenvolvimento. Este grupo é composto por cinco destes transtornos: o autismo infantil, a síndrome de Asperger, síndrome desintegradora da infância, a síndrome de Rett e outros transtornos não especificados. Cada uma com suas características e sintomas próprios, sendo que todos possuem anormalidades de interação social e comunicação comuns. “Ser autista não significa não ser humano. Significa ser estranho. Significa que o que é normal para outras pessoas não é normal para mim, e o que é normal para mim não é normal para outros”, define Jim Sinclair, especialista em desenvolvimento infantil e processos de reabilitação.

Sem ter sido reconhecida pelo pai, fora registrada apenas com o nome da mãe, a qual perdeu alguns meses depois do seu nascimento, em um acidente de carro. Por sofrer maus tratos em sua família materna, foi parar em um abrigo, onde ficou por pouco tempo. Não justo pelos mesmos motivos: maus tratos.

Aos 4 anos chegou ao Cantinho, ainda sem andar. Hoje, com 9 anos, é onipresente, corre pelos quatro cantos da casa. Seu nome é ouvido de vez em quando:

- A Letícia abriu o portão!

- Tia, a Letícia bateu no Pedro.

Tias - são como são conhecidas as senhoras que cuidam da “Casa”, carinhosa nomenclatura dada ao orfanato. O que não é nada estranho. Quem cruza os portões, dependendo do horário, sente o cheiro da comida das panelas, vê as “tias” de chinelo, andando despenteadas, as crianças espalhadas brincando, os móveis simples e bem arrumados, roupas estendidas nos varais, a máquina de lavar ligada… E aquela sensação boa de poder se sentir a vontade.

Quem nos dá a entrevista é Rosana de Oliveira, a coordenadora da casa; ou apenas tia Rosana. Uma senhora jovem, corpulenta que, como as demais, se veste como uma mãe de família. Tem voz macia, cuidadosa e atenciosa. Como é a única que dirige a perua escolar que leva a criançada para todos os cantos, passou a ficar mais tempo que as demais. É ela também que acompanha Letícia na visita mensal ao Hospital das Clínicas, onde faz um tratamento psiquiátrico e recebe seus remédios gratuitamente.

No mês passado, começariam um tratamento com animais, em que Letícia teria seu próprio cachorro de estimação - não deu certo por questões logísticas. Também estão nos planos do Hospital um treinamento com identificação de cores e objetos, com Letícia e as tias, no qual ela será estimulada a pedir o que precisa. A garota está numa idade decisiva: segundo um estudo da pesquisadora e psicóloga Deborah Fein, da Universidade de Connecticut, realizado com 58 crianças autistas, a taxa de recuperação das crianças ao distúrbio depois de anos de terapia estaria na faixa dos 10% ao 20%. E os vestígios de melhora se apresentariam justamente aos 9 anos.

A pequenina magrela não tem problemas para comer. Come de tudo e por isso tem uma saúde de ferro. Sua resistência física é muito boa e raramente fica doente. Adora vermelho. Beterrabas são sempre bem vindas no seu prato. A tia conta que, por conta dessa aptidão pela cor, “já colocou catchup no prato para que ela comesse”.

Até agora, sua comunicação é feita por meio dos sons que emite e das manifestações através de expressões corporais para exprimir os seus desejos. Puxa pela mão até o bebedouro se quer água; direciona-se ao fogão se quer comida; se for para trocar as fraldas, arranca as roupas. Na hora do banho gira em volta do banheiro.

Esta comunicação é considerada um avanço, que veio só depois de estar a um ano e meio frequentando a escolinha para crianças especiais que fica do outro lado da rua. Lá, aprendeu a sentar para comer e a escovar os dentes. Ultimamente, está sendo treinada para sentar-se à privada e fazer suas necessidades. Sair das fraldas será um grande passo.

Letícia faz parte dos 20% dos casos femininos portadores de autismo. De forma geral, o autismo pode ser definido como um distúrbio de desenvolvimento de base neurológica que causa déficit em várias esferas - mental, social e emocional -, que ainda não tem causa ou cura conhecida, mas que já conta com tratamentos eficazes.

Comportamentos estereotipados são perceptíveis nas brincadeiras dela. Crianças com autismo geralmente pulam no mesmo lugar, abanam as mãos, se balançam para frente e para trás, ou apresentam movimentos repetitivos. É importante que sejam percebidos pelos pais o quanto antes; procurar sinais como falta de atenção ao contato visual ou problemas na forma de se comunicar para acelerar o diagnóstico.

Letícia viveu algumas fases características desde que chegou à Casa. A primeira foi a da garrafa pet, quando ficava muito excitada ao ver o objeto. Em seguida veio à fase do apego ao papelão. Agora, trocou o material para brincar com fios e anda pela casa esticando um cordãozinho de náilon que vai até a cintura. Sorri e, às vezes, o estica interruptamente. Dorme algumas noites abraçada ao tênis para brincar com o cadarço.

A pequena garota é tratada como qualquer outra criança do abrigo, sem regalias especiais. Dorme na casa das meninas com as outras. Casa das meninas é o espaço dividido pela área central, onde dormem as treze garotas; do outro lado, fica a casa dos meninos, onde ficam os oitos garotos. A faixa etária vai do zero aos dezesseis, sendo que só entram crianças com idade abaixo dos dez anos. Todos trazem histórias marcantes de abandono e até mesmo intrigantes, como casos de abuso sexual. Por esta questão, as senhoras não aceitam a presença de homens no trabalho com os órfãos, por receio de um contato mais intimista com as adolescentes que vivem lá. Para auxiliar na educação, orações são feitas rotineiramente. A maioria das tias é evangélica.

Durante um passeio na entrevista pela casa dos meninos, o pequeno Pedro chora no colo de outra criança (lá é comum ver uns cuidando dos outros, a própria Letícia estava sendo alimentada por outro garoto pouco maior que ela mais cedo). A garotinha informa o motivo do chororô: “A Letícia bateu nele”.

E a tia responde com calma: “Ele vai aprender a se esquivar dela!”

Na casa, a agressividade natural nas brincadeiras de Letícia é conhecida e deve se tomar cuidado com isso. Brincadeiras que envolvem violência são as suas prediletas. O gato, uma das suas últimas vítimas, se pudesse falar… A agressão, ou a auto-agressão, faz parte do quadro comportamental de muitos autistas quando precisam se comunicar. Letícia certa vez foi adotada por uma família, mas por conta deste comportamento não se adaptou ao novo lar e ficou menos de uma semana com ela. No Cantinho, todos já conhecem esse aspecto indelével em Letícia. Entretanto, isso não a exclui das brincadeiras; pelo contrário, ela é a mais requisitada nas festinhas mensais de aniversário da casa pela farra que faz. “Ela fica enlouquecida, enfia a mão no bolo, bate palmas, dá risadas. Parece até que a festa é pra ela”, conta tia Rosana.

O autista não apresenta características físicas aparentemente diferenciadas. As imagens populares e os estereótipos vistos nos filmes são apenas pequena parte do distúrbio.

O pai biológico de Letícia já apareceu por lá, fez aproximação e manteve por algum tempo visitas constantes. “Ela sorria muito quando estava com ele, davam as mãos e passeavam pelas proximidades”, relembra Rosana.

O reconhecimento ainda não foi realizado judicialmente. Ele não compareceu ao teste de DNA marcado e também não demonstra condições de requerer a guarda da filha. Os cuidados especiais com a deficiência, talvez sejam na opinião da tia Rosana, o fator que impede o faxineiro que já constituiu outra família a levar Letícia. Nas palavras de Ernest Christian Gauderer, autor do livro Autismo e Outros Atrasos do Desenvolvimento e também autista, “os pais vivenciam esses filhos não só como tragédia, mas como se o filho fosse objeto, sem calor humano. ‘Não me quer, não me procura’, dizem os pais”. Enquanto isso, a morada especial do Cantinho segue cercada de carinho e atenção de todos da casa, até o gato.

*Para quem quiser ajudar ou apenas conhecer Letícia, a tia Rosana e a criançada do Cantinho, basta chegar ao endereço e tocar a campainha, se puder ligar antes, melhor. A casa fica aberta todos os dias das 8h às 17h. O endereço é Rua Guaipá, 120 – Vila Leopoldina. O telefone é 11 3641-9199.

Mitos & Verdades

O Mito: os autistas têm mundo próprio.
A Verdade: os autistas têm dificuldades de comunicação, mas mundo próprio de jeito nenhum. O duro é que se comunicar é difícil para eles, nós não entendemos, acaba nossa paciência e os conflitos vêm. Ensiná-los a se comunicar pode ser difícil, mas acaba com estes conflitos.

O Mito: Os autistas são super inteligentes.
A Verdade: assim como as pessoas normais, os autistas tem variações de inteligência se comparados um ao outro. É muito comum apresentarem níveis de retardo mental.

O Mito: os autistas não gostam de carinho.
A Verdade: todos gostam de carinho, com os autistas não é diferente. Acontece que alguns têm dificuldades com relação a sensação tátil, podem sentir-se sufocados com um abraço por exemplo. Nestes casos deve-se ir aos poucos, querer um abraço eles querem, a questão é entender as sensações. Procure avisar antes que vai abraça-lo, prepare-o primeiro por assim dizer. Com o tempo esta fase será dispensada. O carinho faz bem para eles como faz para nós.

O Mito: Os autistas gostam de ficar sozinhos.
A Verdade: os autistas gostam de estar com os outros, principalmente se sentir-se bem com as pessoas, mesmo que não participem, gostam de estar perto dos outros. Podem as vezes estranhar quando o barulho for excessivo, ou gritar em sinal de satisfação, quando seus gritos não são compreendidos, muitas vezes pensamos que não estão gostando. Tente interpretar seus gritos.

O Mito: Eles são assim por causa da mãe ou porque não são amados.
A Verdade: o autismo é um distúrbio neurológico, pode acontecer em qualquer família, religião etc. A maior parte das famílias em todo o mundo tendem a mimá-los e superprotegê- los, são muito amados, a teoria da mãe geladeira foi criada por ignorância, no início do século passado e foi por terra pouco tempo depois. É um absurdo sem nexo.

O Mito: os autistas não gostam das pessoas.
A Verdade: os autistas amam sim, só que nem sempre sabem demonstrar isto. Os problemas e dificuldades de comunicação deles os impedem de ser tão carinhosos ou expressivos, mas acredite que mesmo quietinho, no canto deles, eles amam sim, sentem sim, até mais que os outros.

O Mito: os autistas não entendem nada do que está acontecendo.
A Verdade: os autistas podem estar entendendo sim, nossa medida de entendimento se dá pela fala, logo se a pessoa não fala, acreditamos não estar entendendo, mas assim como qualquer criança que achamos não estar prestando atenção, não estar entendendo, de repente a criança vem com uma tirada qualquer e vemos que ela não perdeu nada do que se falou, o autista só tem a desvantagem de não poder falar. Pense bem antes de falar algo perto deles.

O Mito: O certo é interná-lo, afinal numa instituição saberão como cuidá-lo.
A Verdade: Toda a criança precisa do amor de sua família, a instituição pode ter terapeutas, médicos, mas o autista precisa de mais do que isto, precisa de amor, de todo o amor que uma família pode dar, as terapias fazem parte, uma mãe, um pai ou alguém levá-lo e trazê-lo também.

O Mito:
Ele grita, esperneia porque é mal educado
A Verdade: o autista não sabe se comunicar, tem medos, tem dificuldades com o novo, prefere a segurança da rotina, então um caminho novo, a saída de um brinquedo leva-os a tentar uma desesperada comunicação, e usam a que sabem melhor, gritar e espernear. Nós sabemos que isto não é certo, mas nos irritamos, nos preocupamos com olhares dos outros, as vezes até ouvimos aqueles que dizem que a criança precisa apanhar, mas nada disto é necessário, se desse certo bater, todo o burro viraria doutor! Esta fase de gritar e espernear passa, é duro, mas passa. Mesmo que pareça que ele não entenda, diga antes de sair que vai por ali, por aqui etc. e seja firme em suas decisões. Não ligue para os olhares dos outros, você tem mais o que fazer. Não bata na criança , isto não ajudará em nada, nem a você e nem a ele. Diga com firmeza que precisa ir embora por exemplo, e mantenha-se firme por fora, por mais difícil que seja. Esta fase passa, eles precisarão ser a firmeza do outro.

Autista, simulação de 'jeito normal'


Reportagem de AMARÍLIS LAGE, publicado pela Folha de S. Paulo

Jim Sinclair, 44, é autista, tem formação universitária em psicologia e é especialista em desenvolvimento infantil e processos de reabilitação. Nos anos 90, participou da criação de um dos primeiros grupos formados por autistas, a Autism Network International (ani.autistics.org), e se tornou um dos mais conhecidos ativistas pela defesa dos direitos dessas pessoas. Leia a seguir a entrevista concedida à Folha.

FOLHA - Quais são as diferenças entre um grupo formado por especialistas e parentes e um formado pelos próprios autistas?

JIM SINCLAIR - Eu diria que grupos de pais e especialistas têm uma maior tendência a ter objetivos "protetores" (trabalhar para nos manter em segurança), enquanto os grupos formados por autistas para eles mesmos tendem a ter metas mais relacionadas a direitos e liberdade, mesmo quando isso envolve correr riscos. A maior diferença reside no simples fato de um grupo ser dirigido "para" pessoas autistas, e outro, "por" pessoas autistas. Imagine um grupo destinado a promover os direitos das mulheres que fosse criado e dirigido por homens. Isso serviria? Você consegue imaginar um motivo pelo qual um grupo de mulheres não deva ser dirigido por elas? Que mensagem esse grupo transmitiria sobre a capacidade de as mulheres fazerem as coisas por conta própria?

FOLHA - Você critica as estratégias para ensinar os autistas a "simular" um comportamento social normal. Não é útil para os autistas saber como se comunicar com as outras pessoas?

SINCLAIR - Claro que é. E também seria útil para as outras pessoas saber como se comunicar conosco. Mas isso não é o mesmo que exigir uma simulação tão perfeita que torne impossível nos distinguir dos "neurotípicos". Suponha que, em vez de tentar entender o que você diz, eu me recusasse a responder suas perguntas a menos que você dominasse a língua inglesa como uma nativa e sem sotaque. Suponha, além disso, que eu diga que, para se comunicar com quem fala inglês, você tenha de parar de falar português, de se relacionar com quem fala português e até de pensar em português. Suponha que eu tentasse convencê-la de que o português é inferior ao inglês, de que você teria uma vida inexoravelmente vazia sem dominar inglês e de que você deveria se envergonhar se algum dia for vista falando português. Isso é semelhante ao que os "neurotípicos" fazem quando ensinam "habilidades sociais" a autistas.

FOLHA - Quais são as principais características da cultura autista?

SINCLAIR - Não há uma única cultura autista, assim como não há só uma cultura "neurotípica". Posso falar sobre a que evoluiu com a ANI, mas podem haver outras. Na ANI, há práticas como o respeito à hipersensibilidade sensorial dos autistas e outras envolvendo ecolalia (repetição da fala do outro). Há ainda certas tradições como o uso dos Interaction Signal Badges [crachás com dados sobre cada um, como hipersensibilidade a cheiros fortes ou a flashes fotográficos].

FOLHA - A ANI foi criada por autistas que se encontraram numa lista de discussão. Essa rede pode incluir aqueles que não têm as mesmas habilidades verbais?

SINCLAIR - Sim. Há pessoas com menos habilidade verbal que vêm para a Autreat (conferência anual da ANI) e se divertem muito. É difícil incluir pessoas que não são verbais em redes que ocorrem on-line, já que o e-mail é um meio verbal. Mas, quando há uma chance de os autistas ficarem juntos ao vivo, é definitivamente possível que eles participem também.

*Conteúdo extraido do site Universo Autista

Autismo e nossas emoções

Justificar
Por Ernest Christian Gauderer, publicado no site autismo.com

Poucos distúrbios ou doenças causam mais perplexidade, confusão, ansiedade e incomodam o ser humano que os psiquiátricos. Qualquer doença tem o seu sofrimento, estigma ou preconceito social porém umas mais do que as outras. Existe inclusive um movimento de mudança entre elas. A tuberculose já foi motivo de vergonha e terror entre uma família, mas hoje em dia não causa mais isto, por ser altamente tratável. A lepra não teve este êxito e a sociedade ainda a estigmatiza. A sífilis e outras doenças transmissíveis apesar de tratáveis geram escárnio, pois têm a ver com sexo, um outro tabu. Outras doenças parecem dar até “status”, como o infarto ou a úlcera gástrica, e são relacionadas a pessoas dinâmicas, ativas, do “tipo executivo” que, devido a tantas e importantes decisões, não resistiram ao “stress”.

O câncer, que ao mesmo tempo atemoriza e intriga, está em destaque. Fala-se em novas fronteiras, sendo que para alguns tipos já se descobriu a cura. A esperança é um fato concreto.
Mas dos males do ser humano, nenhum se defronta com tanto preconceito e estigma, tanta desinformação, fantasia e absurdos como as doenças ditas psiquiátricas.

Chega-se inclusive ao extremo de questionar se certas patologias, como a esquizofrenia, seriam realmente uma doença ou apenas uma nova forma adaptativa de vida. Ou seja, uma variação normal, em uma sociedade doente.

Esta situação agrava-se ainda mais pelo fato das doenças psiquiátricas serem as mais negadas, inclusive pela própria comunidade médica. Identifica-se uma úlcera, diagnostica-se uma pneumonia, mas o suicídio não passa de um “acidente”. Em conclusão, doenças psiquiátricas ou comportamentais são reconhecidas e diagnosticadas com enorme dificuldade. Não que sejam de difícil identificação, mas elas “mexem” e nos obrigam a questionar áreas muito delicadas e sensíveis do ser humano, ou seja, o nosso próprio comportamento.

E delas, a meu ver, a mais trágica, a que causa maior perplexidade e gera o maior tumulto emocional é o autismo.

Essa perplexidade confunde e pode alterar a objetividade científica do profissional. Vai sem dúvida, abalar profundamente o funcionamento emocional dos pais e familiares das crianças portadoras. É impossível permanecer indiferente ou cientificamente neutro, daí não se formar uma opinião ou parecer único perante o autismo. Eles simplesmente “incomodam, confundem, doem e intrigam” os profissionais. Os pais vivenciam esses filhos não só como tragédia, mas como se o filho fosse objeto, sem calor humano. “Não me quer, não me procura”, dizem os pais.

Sei que a minha opinião pessoal terá, sozinha, pouco valor científico ou estatístico, mas de todas as doenças com que me deparei enquanto fazia pediatria, por mais enigmática que fosse, nenhuma me desconcertou mais do que o autismo. Perante ele qualquer pessoa fica perplexa e se sente impotente.

Mozart and The Whale

Filme baseado na história real de Jerry Newport e Mary Meinel, um casal de autistas que se conheceram em um grupo de ajuda às pessoas com semelhantes perturbações. Na pele de Josh Hartnett, Donald frequenta o local porque não quer ficar sozinho. Lá ele conhece Isabel, interpretada por Radha Mitchell, e acaba se apaixonando por ela. O longa-metragem explora esse universo individual dos autistas, estabelecendo o paradigma da união entre um casal que está acostumado a imaginar um universo paralelo.

Abaixo, segue o trailer do longa (sem legendas):


Avaliação das famílias sobre os efeitos comportamentais de intervenções biomédicas

Fonte: http://www.autistas.org/estatisticas.htm

As informações abaixo são resultado de informações coletadas de mais de 21.500 famílias nos Estados Unidos que completaram questionários do Instituto de Pesquisa Sobre Autismo (Autism Research Institute).

As famílias de autistas representam uma vasta e importante reserva de informações sobre os benefícios e efeitos adversos das mais variadas drogas e intervenções utilizadas em crianças autistas. Os dados vem sendo coletados e mapeados desde 1967 a partir de questionários especialmente preparados para melhor entendermos os benefícios e utilidade das mais comumente utilizadas intervenções.

MEDICAMENTOS


Piorou Sem
Efeito
Melhorou Relação
Melhor/Pior
Nº de Casos
Aderall 39% 28% 34% 0.9:1 285
Amphetamine 47% 28% 25% 0.5:1 1174
Anafranil 31% 37% 31% 1.0:1 351
Antibioticos 30% 59% 11% 0.4:1 1617
AntifungaisC: Diflucan 7% 42% 51% 7.2:1 185
AntifungaisC: Nystatin 5% 48% 47% 10:1 727
Atarax 26% 53% 21% 0.8:1 443
Benadryl 24% 51% 25% 1.1:1 2512
Beta Blocker 18% 49% 33% 1.8:1 236
Buspar 26% 45% 30% 1.2:1 281
Chloral Hydrate 41% 37% 22% 0.5:1 375
Clonidine 21% 31% 48% 2.2:1 1090
Clozapine 44% 39% 16% 0.4:1 79
Cogentin 19% 53% 28% 1.4:1 149
Cylert 45% 35% 21% 0.5:1 580
Deanol 15% 55% 29% 1.9:1 195
Depakene: Comportamento 25% 43% 32% 1.3:1 871
Depakene: Convulsões 12% 30% 57% 4.6:1 569
Desipramine 38% 25% 38% 1.0:1 61
Dilantin: Comportamento 28% 48% 24% 0.9:1 1049
Dilantin: Seizures 14% 36% 51% 3.8:1 377
Felbatol 26% 45% 29% 1.1:1 38
Fenfluramine 21% 51% 28% 1.4:1 453
Halcion 37% 30% 33% 0.9:1 43
Haldol 37% 27% 35% 0.9:1 1119
IVIG 13% 45% 42% 3.2:1 31
Klonapin: Comportamento 28% 33% 38% 1.4:1 156
Klonapin: Seizures 38% 50% 12% 0.3:1 26
Lithium 27% 42% 31% 1.1:1 384
Luvox 28% 36% 37% 1.3:1 120
Mellaril 28% 38% 33% 1.2:1 2023
Mysoline: Comportamento 44% 40% 15% 0.3:1 131
Mysoline: Seizures 19% 58% 23% 1.2:1 57
Naltrexone 22% 46% 32% 1.5:1 200
Paxil 27% 28% 45% 1.7:1 192
Phenergan 30% 44% 26% 0.9:1 244
Phenobarbitol: Comportamento 47% 37% 16% 0.3:1 1052
Phenobarbitol: Convuslões 17% 43% 40% 2.4:1 458
Prolixin 34% 34% 33% 1.0:1 83
Prozac 31% 33% 36% 1.2:1 975
Risperidal 19% 28% 53% 2.8:1 401
Ritalin 44% 26% 29% 0.7:1 3540
Secretin: Intravenosa 8% 43% 49% 6.2:1 217
Secretina: Transdérmico 12% 47% 41% 3.6:1 78
Stelazine 28% 44% 27% 1.0:1 415
Tegretol: Comportamento 24% 45% 31% 1.3:1 1345
Tegretol: Convulsões 12% 33% 55% 4.5:1 721
Thorazine 36% 40% 24% 0.7:1 897
Tofranil 30% 37% 33% 1.1:1 698
Valium 36% 41% 23% 0.7:1 788
Zarontin: Comportamento 34% 43% 22% 0.7:1 129
Zarontin: Convulsões 21% 51% 29% 1.4:1 87
Zoloft 33% 31% 36% 1.1:1 212

TRATAMENTOS BIOLÓGICOS / SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS (SEM DROGAS)

Piorou Sem
Efeito
Melhorou Relação
Melhor/Pior
Nº de Casos
Vitamina A 2% 59% 39% 22:1 334
CalcioD 2% 62% 35% 14:1 988
Óleo de Fígado de Bacalhau 3% 51% 46% 14:1 411
Colostro 6% 58% 37% 6.7:1 163
Desintoxificação (QUELAÇÃO) 3% 28% 70% 27:1 116
Enzimas Digestivas 4% 44% 52% 14:1 314
Di-methyl-glycine (DMG) 7% 51% 42% 5.9:1 4547
Fatty Acids 4% 44% 51% 12:1 299
5 HTP 11% 55% 35% 3.3:1 66
Ácido Fólico 4% 55% 41% 11:1 1100
Tratamento para Alergia Alimentar 4% 37% 59% 14:1 290
Magnésio 6% 65% 29% 5.2:1 288
MelatoninaE 10% 33% 57% 5.9:1 302
Pepcid 9% 61% 30% 3.2:1 64
SAMe 25% 46% 29% 1.1:1 28
St. Johns Wort 11% 67% 22% 2.0:1 46
Tri-methyl-glycine (TMG) 14% 42% 44% 3.1:1 182
Transfer Factor 18% 51% 31% 1.7:1 39
Vitamina B3 5% 55% 41% 9.0:1 487
Vitamina B6 (sozinha) 7% 64% 29% 4.1:1 590
Vitamina B6 & Magnésio 4% 49% 46% 11.1:1 5079
Vitamina C 2% 59% 39% 16:1 1306
Zinco 3% 55% 43% 17:1 835

DIETAS ESPECIAIS

Piorou Sem
Efeito
Melhorou Relação
Melhor/Pior
Nº de Casos
Candida (dieta) 3% 45% 52% 18:1 605
Feingold Diet 2% 47% 51% 23:1 645
Glúten/Caseína,
Dieta Sem
4% 33% 64% 18:1 724
Remover
chocolate
1% 50% 49% 36:1 1491
Remover ovos 2% 61% 37% 21:1 882
Remover Leite e derivados 2% 51% 48% 30:1 4950
Remover Açucar 2% 51% 47% 24:1 3392
Remover Trigo 2% 53% 46% 26:1 2701
Dieta de Rotação 2% 50% 47% 20:1 678

Ramelations e a efervescência da informação

Oh yeah!

Intelectuautismo é um blog atualizado pelo grupo Ramelations, alunos do 4º ano de jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi.

Ramelations é: Alvaro Saraiva, Cleber Arruda, Luize Altenhofen, Renato Lavdovsky, Ronaldo Sanaie, Tiago Ferreira e Vitor Davied.

Neste blog você, internauta, encontrará informações relevantes acerca do autismo, um dos grandes distúrbios da comunicação e da socialização, ainda uma incógnita para a Ciência e vítima por muitas vezes de preconceitos da sociedade. Normalmente, ele é visto como uma doença para quem não conhece.

O objetivo desta página é apresentar um trabalho acadêmico de jornalismo sobre os autistas, baseado em uma grande reportagem multimídia. Enquanto o trabalho é elaborado, Intelectuautismo une diversos materiais coletados na rede sobre o tema tratado.

Boa navegação!

QUEM SOMOS

Neste blog você, internauta, encontrará informações relevantes acerca do autismo, um dos grandes distúrbios da comunicação e da socialização, ainda uma incógnita para a Ciência e vítima por muitas vezes de preconceitos da sociedade.

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FILMES AUTISTAS

RAIN MAN: Tom Cruise descobre que tem um irmão autista quando o pai não lhe deixa quase nada de herança. MUITO ALÉM DO JARDIM: jardineiro com traços de autismo sai pelas ruas; quem o vê, pensa que é sábio. CÓDIGO PARA O INFERNO: menino autista descobre código secreto e passa a ser alvo de espiões que querem matá-lo. OUTROS FILMES AUTISTAS: Experimentando a Vida, Loucos de Amor, Simples Como Amar, Meu Nome É Rádio, Um Certo Olhar... dentre outros.